Para você debater política precisa primeiro se localizar

A política é algo que nunca sai de moda, sendo que - principalmente desde a modernidade - o homem busca sempre nela a saída para suas frustrações. Portanto, fiz esta lista com alguns termos bastante utilizados, para que as pessoas possam debater pelo menos com uma base, pois o que observo é uma miscelânea conceitual daqueles que se inserem em discussões, e a base confusa que possuem faz com que seja difícil a simples iniciação de qualquer diálogo. O que é um Conservador? O que é Direita? Esquerda e Comunismo são a mesma coisa? Analisaremos estes "rótulos" abaixo:

Temos um sistema econômico vigente:
.Capitalista: todos nós, que compramos e vendemos, gastamos (investimos) e ganhamos dinheiro, usufruímos do mercado, independente da nossa ideia.

Temos duas vertentes dialéticas no âmbito da democracia:
.Esquerda: liberal reformista, que pelos meios sócio-econômicos vigentes (capitalismo+democracia) acredita e quer que o Estado interfira e cause mudanças econômicas rápidas na sociedade e consequentemente sociais. Este é muitas vezes chamado também de progressista por este fato de buscar reformas sociais e econômicas rápidas, o que incomoda aqueles que se sentem afetados por tais ideias. Estas mudanças devem ser feitas necessariamente pelo Estado: este tem que tomar para si a responsabilidade das reformas. Aqui temos a ênfase mais no Coletivo do que no Indivíduo. Religião: indiferente, Democrata: sim.
.Direita: liberal que acredita que a livre iniciativa conduzirá naturalmente a sociedade a um estado melhor. Crê que atitudes estatais imediatistas possuem resultados dúbios, perigosos. Defende o estado, mas com mínimo de interferência na sociedade e o mais descentralizado possível. Aceita a tradição apenas até quando não é um empecilho para o bem-estar econômico dos indivíduos e para o progresso deste. A Direita também quer avanços, mas não realizadas pelo Estado e sim pelos próprios indivíduos através da sua liberdade. Este é muitas vezes chamado também de liberal,pois se considera nessa briga o único de fato liberal. Aqui temos a ênfase mais no indivíduo do que no coletivo. Religião: indiferente, Democrata: sim.

*Essas duas visões políticas apareceram depois da Revolução Francesa. Estas linhas de pensamento surgiram após a quebra social causada por tal revolução, que retirou o domínio da Nobreza no poder. São ideias portanto filhas do Iluminismo. Após a queda do domínio da Nobreza surge o problema de o que fazer com o poder: como melhorar a sociedade, até onde vai a liberdade, qual o papel do indivíduo, entre outros que pairam até hoje a cabeça dos cidadãos e causam altas discussões desde o bar da esquina até as universidades (e nos últimos anos na internet).
**Obviamente por serem visões antagônicas, os partidários das visões sempre vão exagerar nos atributos do seu rival.

Conservador: O conservador é o outsider dessa discussão "iluminista". Não lhe agrada mudanças abruptas no sistema moral vigente da sociedade. Só apoia mudanças legais no entorno de sua moral, e repudia propostas que possam feri-la, desestabilizá-la. Estes fatos fazem com que seja incompatível o pensamento de um Conservador com o do Progressista. O Conservador tende para a Direita, embora seja menos preocupado com o economicismo desta linha do que com a moral social, o que muitas vezes acarreta choque de ideias com estes também. A maior critica que o Conservador tem sobre a Direita é o fato dela ser "economicista", ou seja, não dar a importância devida às tradições. (Portanto dentro da Direita já podemos observar a divisão entre: Direita-Conservadora e Direita-Liberal.) Religioso: sim, Democrata: indiferente.


Temos um sistema amplo, uma "liga" política muito influente na contemporaneidade:
.Socialismo: É uma macrovisão política de onde se originaram várias vertentes, que ora excluem ou modificam alguns aspectos de suas ideias originais, ora acrescentam. Basicamente, acredita no coletivismo, na cooperação entre todos para resolver os problemas de disparidade econômica da sociedade. Acreditam que a economia deve ser planejada e centralizada em torno de um interesse geral, coletivo. Há certo espírito de grupo, de pertencimento ao "grupo", e de ação visando sempre o grupo. Possuem muita influência de Rousseau, pela sua visão da natureza do homem e da política.  A Esquerda retira muita influência do Socialismo, mas  a Direita-Liberal por sua vez, não é compatível com ele pela ênfase no coletivo. O Conservador pode ser uma espécie de socialista quando ele é Nacionalista. Ex de vertentes: Esquerda+Socialismo= social-democrata; Socialismo-democracia=Comunismo, Socialismo+Conservadorismo=Nacinoalismo Religioso: depende da vertente. Democrata: idem.

Temos as vertentes dessa liga influente, ela gerou:
.Comunismo: macrovisão sistematizada por Marx, mistura de filosofia da história hegeliana e materialismo economicista, que acredita em um estado forte que deva estar centralizado nas mãos da classe de trabalhadores, para reestruturação forçada da sociedade em todos os âmbitos até atingir um suposto estágio final de "fim de classes", onde não se necessitaria de Estado. Prevê mudança radical, uma revolução.É totalmente anti-liberal. É um socialista de vertente radical, Marx se dizia "Socialista Científico" enquanto os outros seriam "utópicos". Religioso: não, Democrata: não.

Nacionalismo: Acredita em um estado forte e centralizador, apoia fortalecimento defensivo deste como prioridade, na permanência das tradições, nas ligações étnicas indissociáveis do grupo, na disciplina e no civismo acima de tudo. Pega outras ideias políticas para acrescentar a sua, pois inacabada. Existiram vários exemplos de ditaduras nacionalistas ao longo do século XX. O Nacionalista pode ser um Conservador engajado, que teme que o contraditório se aposse da sociedade e por isso responde com uma luta oposta as outras ideias. Portanto há diferença entre o Conservador-Nacionalista e a Direita-Conservadora.

Nazi-fascismo: foi um "Nacionalismo socialista", pegou o aspecto coletivista e do espírito de grupo do socialismo e o fortalecimento de laços étnicos e tradicionais do Nacionalismo. Foi totalmente anti-liberal, e portanto quebrou esta dicotomia democrática à força. Foi uma visão tão peculiar e bárbara que não podemos ver relações nem para a Esquerda e nem para a Direita. Na verdade tem relação com ideia Socialista que agrada a esquerda, mas também com a de tradição que agrada a direita-conservadora. Religioso: indiferente, Democrata: não.


Anarquista: Acredita que as mazelas da sociedade advêm da hierarquia de qualquer tipo, familiar, político, religioso. A derrubada dessas estruturas deve se dar pela força, e findada estas os homens naturalmente se dariam bem. O anarquista pode ser também uma pessoa que simplesmente não gosta da política, do fato de haver política. Religioso: não, Democrata: não (a democracia seria uma espécie de coação da maioria).

Social-Democrata: Essa é uma denominação muito utilizada atualmente, e como vimos é a soma da Esquerda com o Socialismo. O social-democrata retira sua influência do pensamento socialista, mas afasta de si qualquer tipo de ideia que possa ferir a democracia. É a Esquerda propriamente dita, ou o Progressista. A nomenclatura é bem clara: o social na frente indica a aproximação com o Socialismo e o termo posterior deixa claro sua característica democrata acima de tudo. É o que poderíamos definir como o Centro. Apesar de ser de Esquerda o social democrata pode oscilar na prática e jogar conforme o que se pede no momento.


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Vida: há esperança !

Há esperança ainda
uma coisa briga por mim
interna, como resquício
de algo maior que é indiferente.

No indivíduo ainda há uma vida pulsante
mesmo contra uma poderosa contrária corrente.
Um ser interno que de tudo o defende ante
todo o mal que nele invade abruptamente.

Parece que no mundo ainda não estamos abandonados.
Algo quer ser, a despeito das dores
mesmo no domínio do menor dos seres,
mesmo no erro e dos consequentes horrores.

Vida: há esperança !
Mesmo sendo tu causa perdida.

A vida briga por mim, quieta.
Inconsciente sigo aceso.

Somos os olhos de Deus

O homem não é nada mais que os olhos de Deus.
Os olhos múltiplos por onde um Deus cego
quis ver e sentir sua colossal criação.
Os olhos diversos, perspectivistas
que Deus optou para ver diferente cada canto e coisa.
Deus tinha apenas uma visão unilateral
e sacrificou-a, pois ter uma visão unilateral
e onisciente, não é verdadeiramente ver, é apenas ser. É estático.
Deus quis ver a vida e quis ver até o cego em sua cegueira,
Deus quis ver o prazer e a dor no seu mundo, sem nenhum preconceito.
Deus quis ver a carne dilacerada e também a flor que brota.
Deus quis ver a neve na montanha e o choro da criança.
Deus quis ver a gargalhada do amigo e o sufoco do desesperado.
Deus quis ver o fogo, o papel amarelado, a bactéria microscópica, o mar batendo na rocha,
a explosão atômica, o ovo na frigideira,  a lua, a noite, o produto do artesão, as máquinas,
os anéis da cebola, o diamante, os excrementos, a fumaça, o vidro, o batom na boca da mulher...
Deus só quer ver. Por sermos seus olhos, nos deu a consciência.
Somos nós que escolhemos o que ser visto, nós também somos os responsáveis por muito do que é visto .
Nós buscamos, nos movemos, Deus agradece. Chora conosco ás vezes.
Cada indivíduo é uma visão única de Deus do mundo, única e temporária, de infinitas possíveis.
E somente quando perder o pasmo, a curiosidade,
Deus dormirá e apagará o mundo para sempre.

Nós, os malditos

Nós, os malditos, velejamos deitados em plena escuridão.
nenhum sonho paira sobre nossa cabeça,
nenhuma busca fútil social toma nossa vontade.

Nós, os malditos, com olheiras na face pálida encaramos o velho nada.
engolimos vorazmente o doce néctar posto no fugaz da horas,
nenhum ideal eternizamos na superfície mole da realidade.

Nós, os malditos, vivemos daquilo que só nós mesmos damos valor.
não nos atormenta a suposta injustiça perante almas alhures,
preferimos admirar rosas escuras e secas sobre a terra infértil e fria.

Nós padecemos da nossa vertiginosa degradação natural
em um mundo esquecido.

Sempre aquém do supralunar

O mundo aqui é cinza e o céu é azul
A pintura lá em cima é arte e aqui
em baixo parece algo esquecido.
Lá em cima as coisas brilham e aqui só piscam de
maneira artificial.
Acima só há imagem, aqui há confusão e barulho de
línguas.
Tanto tempo sonhando o acolher eterno do inalcançável
ó humanidade.
Pereces dentro de ti própria, não crias o maior no mundo
apenas transfigura o real.
Jamais atingirás a abóboda que paira sobre sua cabeça.
Assuma sua lama.
Fecha os olhos e dorme
criaturinha.

Ônibus noturno

Acaricio teus cabelos como ondas serenas,
Sinto tua suavidade encostada sobre meu peito,
Beijo-te e observo as luzes la fora...
Tua existência sobre mim me faz calmo.

Devaneio no caminho para casa e tu descansas
Filosofo, e a única certeza é esse o meu amor.
Abraço-te e espero...

Enfim, quando o destino da sua viagem súbito chega
Você levanta e se despede.
Fico com vestígios de tua beleza, sereno,
com a certeza que tu virás no amanhã.

Pequena tela do futuro

Olho a tela branca do futuro com olhos secos
o futuro é uma tela pequena
que vejo entre minhas mãos.
Pobre tecnologia rica
Através de ti, lanço letras em um mar desconhecido
Onde habitam seres invisíveis, não catalogados, gente.
Através de toques sutis, vejo palavras virtuais, vejo um poema em bits.
Uma conversa ao nada comigo mesmo, jogada ao nada, nessa rede de ninguém.
És futuro, és tudo, tela pequena...
És a alma em nossas mãos, movida a bateria que não dura nada.