segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Somos os olhos de Deus

O homem não é nada mais que os olhos de Deus.
Os olhos múltiplos por onde um Deus cego
quis ver e sentir sua colossal criação.
Os olhos diversos, perspectivistas
que Deus optou para ver diferente cada canto e coisa.
Deus tinha apenas uma visão unilateral
e sacrificou-a, pois ter uma visão unilateral
e onisciente, não é verdadeiramente ver, é apenas ser. É estático.
Deus quis ver a vida e quis ver até o cego em sua cegueira,
Deus quis ver o prazer e a dor no seu mundo, sem nenhum preconceito.
Deus quis ver a carne dilacerada e também a flor que brota.
Deus quis ver a neve na montanha e o choro da criança.
Deus quis ver a gargalhada do amigo e o sufoco do desesperado.
Deus quis ver o fogo, o papel amarelado, a bactéria microscópica, o mar batendo na rocha,
a explosão atômica, o ovo na frigideira,  a lua, a noite, o produto do artesão, as máquinas,
os anéis da cebola, o diamante, os excrementos, a fumaça, o vidro, o batom na boca da mulher...
Deus só quer ver. Por sermos seus olhos, nos deu a consciência.
Somos nós que escolhemos o que ser visto, nós também somos os responsáveis por muito do que é visto .
Nós buscamos, nos movemos, Deus agradece. Chora conosco ás vezes.
Cada indivíduo é uma visão única de Deus do mundo, única e temporária, de infinitas possíveis.
E somente quando perder o pasmo, a curiosidade,
Deus dormirá e apagará o mundo para sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário